Miguel Sendin
Conheço "Seo" Miguel há muito anos. Figura sempre simpática, inteligente, culto, gostava de conversar com os amigos de seu filho, Paulo, meu contemporâneo de ESALQ e colega de trabalho no Planasucar. Hoje, com 94 anos de idade, ainda mantém a veia poética que sempre o acompanhou vida afora.
Como uma singela homenagem, divulgo aqui uma de suas poesias, publicada no Jornal de Piracicaba:
Olhando estrelas
O homem procura
A paz neste mundo.
Mas ela não dura
Sequer um segundo.
Cabeça pendida,
Os olhos no chão,
Só tira da vida
A desilusão.
Se erguesse o nariz,
Olhando sem véu,
Veria feliz
Estrelas no céu.
No vasto infinito
Do mundo esquecido
Às vezes eu fito
Um lar mui querido.
Me dizem os sábios:
— Tu és um insano.
Pueris são os lábios
Do gênero humano
Que importam os motes
Que ouço ao meu lado,
Se vejo os archotes
No céu estrelado?